As vacas foram monitoradas diariamente para diagnóstico de mastite e, em casos de aumento da lactato-desidrogenase, CCS ou da condutividade elétrica, o CMT era realizado. O CMT era classificado em escores de negativo (<200,000 células somáticas) a 4 (>5,000,000 células somáticas). Dos casos que apresentassem escore de CMT positivo, amostras de leite foram coletadas assepticamente para cultura microbiológica.No total, foram utilizadas 30 vacas com mastite e aquelas que apresentassem outras doenças, além da mastite, não foram utilizadas no estudo. As vacas infectadas foram tratadas por três dias apenas com antibióticos específicos para cada bactéria identificada. O dia de início do tratamento foi chamado de d0, no qual eram aplicados os tratamentos local e sistêmico; já nos dias consecutivos (d1 e d2) era realizado apenas o tratamento sistêmico.
Para comparação, cada vaca com mastite era pareada a uma vaca do grupo controle que apresentasse fase da lactação, DEL, produção de leite, escore de claudicação e ECC semelhantes. Além disso, as vacas do grupo controle deveriam apresentar CCS<100,00 células/mL e ausência de histórico de tratamento médico nos últimos 30 dias. As variáveis analisadas foram baseadas em registros automáticos por meio de sensores fixados nos animais e nos equipamentos. O consumo de alimentos (kg/d) foi avaliado pelo número de visitas aos cochos de alimentos e o tempo de cada refeição; já a taxa de consumo era calculada de acordo com a quantidade de alimento ingerida por minuto (kg/min). Para avaliação da atividade dos animais, foram mensurados o tempo que permaneciam deitados, números de deitadas e número de passos, do d0 ao d10.
Quanto ao comportamento durante a ordenha, este foi avaliado à partir de 48 horas antes da aplicação de antibióticos até o d10. Para esta análise, foi posicionada uma câmera no sistema automático de ordenha e duas pessoas treinadas avaliavam as vacas. Junto à aplicação dos antibióticos e nos dias consecutivos, foram realizados exames clínicos das vacas, os quais incluíam avaliação do úbere, aferição da temperatura retal e CMT.
As vacas com mastite apresentaram menor consumo de alimentos, taxa de consumo e tempo que as vacas permaneceram deitadas. As vacas deste grupo também apresentaram maior frequência de levantamento das patas traseiras e chutes durante a ordenha no equipamento automático; além de um maior número de passos e de número de deitadas. Também foi verificado que o consumo das vacas era menor antes do tratamento com antibiótico (d0 a d3) e aumentou com o tempo em ambos os grupos (controle e mastite).
Assim, os resultados deste estudo demonstraram um comportamento doentio evidente nas vacas acometidas naturalmente por mastite clínica. Até mesmo nos casos sem comprometimento sistêmico (febre, emagrecimento, anorexia), a mastite foi considerada pelos pesquisadores uma doença que causou desconforto para as vacas, uma vez que estas permaneceram inquietas durante a ordenha e ficaram menos tempo deitadas, sinais característicos de desconforto.
Fonte.: HERSKIN et al, 2015. Behavioral changes in freestall-housed dairy cows with naturally occurring clinical mastitis. Journal of Dairy Science, 98:1-9.
*Mestranda do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP), FMVZ-USP.
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